A coletânea Do tráfico ao pós-abolição: trabalho compulsório e livre e a luta por direitos sociais no Brasil foi elaborada a partir das discussões realizadas no 8º Encontro de Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional ocorrido em Porto Alegre em maio de 2017.
Ela está dividida em seis partes e traz a contribuição inovadora de dezessete autores.
- Na primeira parte, intitulada Tráfico, escravidão e Liberdade no mundo atlântico, Roquinaldo Ferreira discute a abolição do tráfico de escravos na África Central e Jean Hébrard trata das memórias familiares da escravidão atlântica.
- A segunda parte, Bandeiras e tráfico à margem das leis, discute a relação entre as leis e as perspectivas de trabalho compulsório de indígenas (século XVIII) e do tráfico ilegal de africanos (1830-50) nas abordagens propostas por Fernanda Pinheiro, Marcus Carvalho, Thiago Pessoa e Walter Pereira.
- Na terceira parte, Raça e mobilidade social, os textos de Maria Elizabeth Lucas e Alex Costa focalizam algumas trajetórias individuais para problematizar o papel da raça na luta por cidadania.
- A quarta parte, Apego à escravidão e mudança social, debate a permanência de práticas e do ethos escravistas no Império em análises de Leticia Guterres, Paula Pinto, Mariana Muaze, Paulo Moreira e Miquéias Mugge.
- A quinta parte, Enfrentamentos no parlamento, nos jornais e nas ruas, discute o contexto de mudança nas últimas décadas do século XIX, enfocando tanto a liberdade dos sexagenários quanto o linchamento de escravos, com textos de José Flávio Motta e Ricardo Pirola.
- Na sexta e última parte, Pós-abolição, militância negra e racismo, os textos de Lúcia Silva e Rodrigo Weimer analisam o pós-abolição através do estudo da trajetória de um militante negro e da discussão sobre a construção de imagens racializadas de moradias populares.
Os diversos artigos que compõem a coletânea se destacam pela riqueza das pesquisas realizadas, pela originalidade das interpretações e pela diversidade das abordagens empreendidas pelos autores. O leitor terá a oportunidade de percorrer localidades variadas, do Atlântico até o interior do Brasil, e perceber a complexidade das experiências sociais. A multiplicidade de sujeitos estudados e a conexão entre eles, em diferentes espaços e temporalidades, ajudam a problematizar este campo de estudos e trazem, sem dúvida alguma, uma grande contribuição para a história da escravidão e da liberdade no Brasil.
O livro foi publicado pela Editora Oikos e pode ser baixado gratuitamente aqui.
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