Coleção Sebo Eletrônico

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A coleção Sebo Eletrônico, editada pelo CECULT e pelo Setor de Publicações do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, oferece novas edições de obras que foram consideradas importantes ou ainda são referência em suas respectivas áreas de estudo. Impressas há tempos, fora de catálogo nas editoras e livrarias, voltam agora a circular em formato digital, com um projeto gráfico pensado para tornar mais atraente e confortável a leitura eletrônica.

O conjunto inclui inicialmente a produção do CECULT, mas também pretende agregar outros textos clássicos da historiografia brasileira, escritos a partir dos anos 1980 e assinados por autores vinculados a diversas instituições universitárias.

Títulos publicados

epelho capaMaria Clementina Pereira Cunha, O espelho do mundo. Juquery, a história de um asilo.
Publicado pela primeira vez em 1986, este livro analisa o surgimento da medicina mental no Brasil nas últimas décadas do século XIX e a implantação de um hospício modelar, segundo suas regras, na cidade de São Paulo. Para tanto, examina os postulados adotados pelo alienismo e suas prescrições, o próprio funcionamento da instituição nomeada como Hospício do Juquery bem como seus significados históricos na conjuntura do pós-abolição e da mudança de regime político. A análise opera também com a ótica dos homens e das mulheres internados no Juquery, buscando nos prontuários o embate entre o ponto de vista dos médicos e dos pacientes. Finalmente, trata do momento em que, diante de uma visão crescentemente autoritária, o hospício abandona o “otimismo terapêutico” de seus fundadores para se tornar um depósito de seres humanos sem saída e sem esperança.

cidadelas capa

Maria Clementina Pereira Cunha, Cidadelas da ordem & outros escritos.
A obra reúne um pequeno livro e três artigos avulsos, originalmente publicados entre 1990 e 2000. Produzidos sem intenção de constituir uma unidade, estes textos possuem um eixo comum: a relação entre a consolidação do novo regime político que emerge em novembro de 1889 no Brasil e a implantação e desenvolvimento de instituições fundadas em diversos ramos do saber acadêmico, particularmente a medicina mental e os hospícios científicos. Tais instituições de reclusão, bem como as prescrições escoradas na cientificidade do período, foram alicerces sólidos para a construção da nova forma republicana de dominação. Com essas bases, o novo regime pode se manter fortemente excludente, naturalizando e justificando por outros caminhos as desigualdades de classe, raça e gênero que caracterizavam a dominação escravista e patriarcal.

campos capaSilvia Hunold LaraCampos da Violência. Escravos e senhores na capitania do Rio de Janeiro, 1750-1808.
Publicado originalmente em 1988, o livro analisa as características do castigo físico imposto aos escravizados nos engenhos dos Campos dos Goitacases na segunda metade do século XVIII. Apoiado em um grande volume de fontes, em especial as judiciárias, explora as dimensões cotidianas da relação entre senhores e escravos, buscando apreender o ponto de vista dos diversos sujeitos históricos envolvidos e compreender os significados da chamada violência da escravidão. Examina, assim, tanto as condições e formas do domínio escravista, quanto as marcas que ela imprimia na experiência de escravizados e de libertos.

na luta capaAlexandre Fortes, Antonio Luigi Negro, Fernando Teixeira da Silva, Hélio da Costa e Paulo Fontes (orgs.), Na luta por direitos. Estudos recentes em história social do trabalho.
A coletânea é composta por cinco ensaios que focalizam as experiências de trabalhadores em São Bernardo do Campo, Porto Alegre, Santos e São Paulo, desde a década de 1930 até o golpe civil-militar de 1964, examinando o cotidiano fabril e a organização operária nos sindicatos e no processo produtivo. Os estudos se contrapõem às explicações tradicionais sobre o lugar dos trabalhadores e do movimento operário na sociedade e na política brasileiras, problematizando o conceito de “sindicalismo populista” e tornando mais complexas as análises sobre o corporativismo, o chamado paternalismo industrial e o nacional-desenvolvimentismo. Contribuem, assim, para renovar a história da classe trabalhadora no Brasil.

capa - escravosRicardo Pirola, Escravos e rebeldes nos tribunais do Império. Uma história social da lei de 10 de junho de 1835.
Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa, este livro foi publicado originalmente em 2015 e se dedica a examinar o processo de criação e aplicação da lei de 10 de junho de 1835. Conhecida como a mais severa lei de repressão da rebeldia dos escravizados no período Imperial, sua história é contada a partir de uma gama variada de fontes, a exemplo dos processos-crime, anais do Parlamento, correspondência ministerial e pedidos de graça dirigidos ao monarca. A aprovação da lei em 1835 e as discussões que ela suscitou, ao longo do século XIX, nos tribunais de primeira instância, nas Relações ou na alta burocracia são cuidadosamente escrutinadas, revelando os sentidos políticos dos embates travados por senhores, escravizados, juristas e parlamentares nessas arenas. A obra analisa ainda as apropriações que os cativos fizeram da lei e a maneira pela qual ela impactou a organização de suas ações rebeldes.        
 

Próximo lançamento:
Martha Abreu, Meninas perdidas. Os populares e o cotidiano no amor no Rio de Janeiro da Belle Époque.