O Centro participa com dois artigos na nova edição. No editorial, a publicação destaca que a pesquisa da Unicamp vem renovando interpretações consagradas nos estudos da História e Literatura
Dois pesquisadores do Cecult contribuíram com artigos para a nova edição da revista Estudos Históricos. Produzida pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número 62 da publicação apresenta um dossiê sobre “História e Literatura”.
No artigo “Rastros do Cisne Preto: Lino Guedes, um escritor negro pelos jornais (1913-1969)”, o professor doutor do Departamento de Sociologia da Unicamp Mário Augusto Medeiros da Silva, discute questões raciais na obra de Lino Guedes. Baseado na produção jornalística do escritor, o pesquisador busca entender como o autor de “O Canto do Cisne Preto” figurou no debate público sobre o negro em São Paulo no início do século XX.
Já “José de Alencar e os embates em torno da Propriedade Literária no Rio de Janeiro (1856-1875)”, de Rodrigo Camargo de Godoi, professor doutor do Departamento de História da Unicamp, analisa três projetos de lei elaborados para proteger a propriedade literária no Brasil Império. O destaque fica por conta da adaptação para o teatro de “O Guarani”, de José de Alencar. A partir do episódio, o romancista formulou as bases de uma das primeiras legislações que visava reconhecer a propriedade intelectual no país, em 1875.
No editorial intitulado “Afinidades eletivas? A literatura nos pródromos da História”, o professor doutor da Escola de Ciências Sociais da FGV, Bernardo Borges Buarque de Hollanda, chama atenção para o ineditismo do dossiê, o primeiro dedicado à literatura nos quase 30 anos de existência da revista. E destaca a produção do Cecult como um dos exemplos consolidação dos estudos acadêmicos da literatura no âmbito da pós-graduação em História no país.
“A convergência entre as linhas de pesquisa da História Social do Trabalho e da História Social da Cultura permitiu que investigadores de ponta da área renovassem interpretações consagradas. Estas evidenciaram uma capacidade de formular questões e fontes próprias do ofício do historiador, para lançar luzes menos reverentes sobre ícones da literatura, a exemplo de Machado de Assis ou de Coelho Neto”, afirma o editor convidado em seu texto de abertura.
Ele ainda aponta que “dissertações e teses defendidas na Unicamp, muitas delas publicadas em livro, vêm contribuindo para um conhecimento sólido, produzido coletivamente nesse centro universitário. Seus egressos têm dado continuidade ao debate, mediante, por exemplo, a organização de sucessivos Simpósios Temáticos nos encontros da ANPUH, ‘Literatura, História e Sociedade’, estimulando a formação de jovens discentes em nível de mestrado e doutorado e ensejando a sua renovação geracional”.
Criada em 1988, a revista Estudos Históricos é uma publicação quadrimestral voltada à história e ciências sociais. Os próximos dossiês a serem publicados são "História, democracia e instituições", "Corporativismo e neocorporativismo" e "Associativismo e movimentos sociais". Para ler a nova edição gratuitamente e saber como submeter o seu artigo, basta acessar aqui o site.