Historiadora analisa cotas étnico-raciais na Unicamp em entrevista

Criado em: 05/06/2017 - 15:32 | Alterado em: 07/06/2017 - 16:39

Na terça-feira (30/5), o Conselho Universitário da Universidade Estadual de Campinas (Consu/Unicamp) aprovou a implantação de cotas étnico-raciais para ingresso na graduação, a partir de 2019. O modelo será elaborado por Grupo de Trabalho (GT), que terá prazo de 20 de junho a 30 de agosto para desenhar uma proposta preliminar, a ser debatida nas unidades de ensino e pesquisa da Unicamp, além de órgãos colegiados, a fim de subsidiar o relatório final – o qual será encaminhado para deliberaçao do Consu em novembro.

Além da criação d GT, foram aprovados: alcançar meta de reserva de vagas para pretos e pardos nos cursos de graduação, tomand como referência o último censo do IBGE no estado de São Paulo, a reserva de duas vagas por curso e turno para estudantes indígenas em cursos de graduação e a criação de uma Secretaria de Ação Afirmativa, Diversidade e Combate às Discriminações na Unicamp.

A decisão foi pautada pelos trabalhos realizados pelo Grupo de Trabalho sobre Ações Afirmativas e Cotas ao long de 2016. O grupofoi composto por docentes, funcionários e estudantes. Presidido pela professora Rachel Meneghello (IFCH e então pró-reitora) e integrado por: Lucilene Reginaldo (IFCH), Mário Medeiros (IFCH), Júlio Hadler (IFGW), João Meyer (IMECC), Teófilo Reis (IFCH/STU) e os estudantes ligados à Frente Pró Cotas e Núcleo de Consciência Negra da Unicamp: Taina Santos, Gabriela Nascimento, Mariel Nakane, Gustavo Reis . Contou com a colaboração eventual de outros colegas, como Adriana Nunes Ferreira (IE), outros estudantes da Frente e do Núcleo, em diferentes ocasiões também.

Entre outubro e dezembro de 2016, houve audiências públicas para tratar do tema. Em fevereiro, foi concluído um relatório, apresentado ao Consu.

Para historiadora Lucilene Reginaldo, professora do Departamento de História e pesquisadora do CECULT, a aprovação das cotas étnico-raciais pela Unicamp significa o "reconhecimento de um modelo mais 'radical' e eficiente de ação afirmativa, adotado no país há 15 anos" em relação ao programa de inclusão adotado pela universidade desde 2005, baseado na atribuição de bônus a estudantes de escola pública e autodeclarados pretos, pardos e indígenas, o Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paais). A análise foi feita em entrevista à revista Brasileiros

Na mesma entrevista, a historiadora enfatizou os efeitos positivos da medida no sentido de fomentar a diversidade na universidade e suas repercussões para a sociedade. "O fato de você fomentar a diversidade no âmbito da universidade é muito positivo, você provoca um impacto nos estudantes e nos futuros profissionais, possibilitando a convivência com outros universos de referência. Um aluno branco de classe média da Unicamp, que só via mulheres negras como empregada doméstica, é levado a questionar a naturalização das desigualdades quando vê uma como professora, como colega de sala." 
 
Leia a íntegra da entrevista no site da revista Brasileiros.

Leia mais sobre as cotas na Unicamp, no especial produzido pelo Jornal da Unicamp