Em agosto de 1995, como parte do processo de institucionalização dos grupos de pesquisa existentes no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, um grupo de docentes do Departamento de História criou o Centro Interno de Pesquisa em Cultura Popular - Cecult. Em julho de 1997, o Cecult passou a se chamar Centro de Pesquisa em História Social da Cultura, respondendo a uma ampliação do alcance temático de suas preocupações.
Desde seus primeiros anos de atuação, o principal objetivo do Cecult foi estimular e sustentar a reflexão sobre as experiências dos trabalhadores ao longo da história do Brasil: suas práticas e formas de expressão, os significados que conferiram a diferentes aspectos de seu cotidiano, bem como os modos pelos quais se viram e foram vistos por outros sujeitos em situações históricas específicas. Interessa aos pesquisadores do Centro investigar esses temas nos locais de trabalho ou nos espaços de sociabilidade e lazer, no desenrolar de conflitos com senhores, patrões ou autoridades públicas ou ainda nos momentos em que identidades e solidariedades se fizeram mais presentes.
Com o passar dos anos, novos objetivos foram agregados aos primeiros. Novas pesquisas sobre a experiência dos trabalhadores ao longo da história enfatizaram as ambiguidades dos limites entre escravidão e trabalho livre e as incertezas dos marcos legais que regulam as relações de trabalho. A atenção às lutas por direitos no mundo do trabalho suscitou investigações sobre o processo pelo qual a desigualdade de direitos políticos e sociais se efetivou no Brasil, com atenção especial às arenas de lutas atravessadas por distinções de classe, raça e gênero.
A incorporação da História da África merece uma nota de destaque. O movimento de criação de áreas institucionais na pós-graduação para a pesquisa sobre temas africanos e africanistas ganhou corpo no Brasil no início dos anos 2000, sob o impacto da lei que tornou obrigatório o ensino de História da África em todos os níveis escolares. O Cecult acompanhou, contribuiu e, de certa forma, precedeu o movimento de institucionalização, pois já vinha tratando de temas africanos nos projetos que lidam com a história da escravidão. As pesquisas sobre a história africana têm contribuído para o alargamento do campo temático e empírico dos projetos individuais e coletivos desenvolvidos mais recentemente no centro.