Lívia Maria Tiede é ganhadora do prêmio Henrietta Wood Memorial Prize

Criado em: 16/04/2021 - 12:38

Lívia Maria Tiede acaba de ser a primeira ganhadora do Henrietta Wood Memorial Prize, premiação estabelecida pela Rice University em 2020 para reconhecer realizações exemplares de alunos na pesquisa histórica, com consideração especial ao trabalho que ajuda na recuperação e reconstrução de vozes marginalizadas por meio de fontes primárias. O prêmio foi instituído depois que o Professor Caleb MacDaniel ganhou o Pulitzer pela obra Sweet Taste of Liberty: A True Story of Slavery and Restitution in America. O livro conta a história até então pouco conhecida de Henrietta Wood, que sobreviveu à escravidão duas vezes e, 30 anos depois de ser libertada pela primeira vez, ganhou o maior acordo financeiro conhecido concedido por um tribunal dos EUA em restituição pela escravidão.

A pesquisa de Lívia Tiede foi indicada a este prêmio por seu trabalho sobre o jornalista negro brasileiro Frederico Baptista de Souza que lutou pela plena cidadania das pessoas negras após a abolição. Um dos artigos de Frederico deu origem a outra investigação que é parte do estudo de Lívia, e que também foi agraciada pelo prêmio. Trata-se da exposição de um cadáver mumificado de uma mulher negra – Jacintha, também conhecida pelo nome de Raymunda – na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, ocorrida no Brasil durante a era da emancipação. 

A doutoranda realiza essa pesquisa desde 2016, e apresentou o resultado de suas descobertas em conferências internacionais, entre elas a ASWAD (Association for the Study of the Worldwide African Diaspora), em novembro de 2019.

Lívia Maria Tiede é doutoranda em história na Unicamp sob orientação da Profa. Dra. Lucilene Reginaldo, e aluna do Duplo Diploma na Rice University, orientada pelo do Prof. Dr. Daniel Domingues. Sua tese de doutorado intitulada “União da Raça: Frederico Baptista de Souza e a Militância Negra Paulista no Brasil Pós-Abolição (1875 – 1960)” deve vir a público no próximo ano.

* Foto: À esquerda: Frederico Baptista de Souza em 1941 ao lado de sua neta Daisy. Fotografia do acervo pessoal de Glauber Ramalho Simões Baptista, bisneto de Frederico Baptista de Souza, e colaborador da pesquisa. À direita, o biografado em retrato de 1929, publicado em diversos jornais da imprensa negra.