Livro aborda relações sindicais entre Brasil e EUA na ditadura militar

Criado em: 20/07/2017 - 15:13 | Alterado em: 15/08/2017 - 16:41

A influência dos Estados Unidos nos sindicatos brasileiros nas décadas de 1960 e 1970 é o tema do livro Disseram que voltei americanizado - Relações sindicais Brasil-Estados Unidos na ditadura militar, da historiadora Larissa Rosa Corrêa.

Diferentemente do modelo sindical corporativista que predominava no Brasil, nos Estados Unidos prevalecia o contratualismo. Para os norte-americanos,  o coporativismo associava-se ao totalitarismo e ao comunismo e, por isso, devia ser combatido - daí o significativo investimento dos Estados Unidos, em associação com os governos ditatoriais brasileiros, em ações voltadas para a difusão do ideário contratualista.

Desse modo, entidades como o Instituto Americano para o Desenvolvimento do Sindicalismo Livre (Iadesil), criado pelo governo estadounidense no contexto do programa Aliança para o Progresso, atuava em diversas frentes (cursos,palestras, intercâmbios etc.) no Brasil, com o objetivo de formar novas lideranças capazes de implantar e desenvolver o modelo sindical norte-americano no país.

"Essas atividades eram realizadas com o apoio dos setores mais anticomunistas e conservadores do movimento sindical brasileiro", afirma Larissa no livro.  Apesar disso, demonstra a historiadora baseando-se numa pesquisa documental com diversos tipos de fontes (documentos oficiais, relatos de viagem, cartas, entrevistas, entre outras), as alianças entre os norte-americanos e os governos militares eram instáveis e mudavam conforme o posicionamento dos dirigentes brasileiros e os interesses dos sindicalistas brasileiros.

Ao tentar "educar" o sindicalismo brasileiro, os representantes do governo estadounidense tiveram de estudar, analisar, considerar e negociar com as aspirações políticas dos generais e dos próprios sindicalista, o que levava à necessidade rever suas estratégias e modos de atuação. Ou seja, embora estivessem alinhados com os Estados Unidos, os militares brasileiros não adotaram o modelo contratualista e mantiveram, no contexto da implantação de uma nova política trabalhistas que acarretou perda de direitos fundamentais dos trabalhadores, a "herança varguista" materializada na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Esta, em contrapartida, analisa Larissa no livro, era utilizada pelos militares como mecanismo de controle e desmobilização do movimento sindical brasileiro.

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A Editora da Unicamp, o Cecult/IFCH e a Casa do Professor Visitante (CPV) convidam para o lançamento do livro:

Disseram que voltei americanizado. Relações sindicais Brasil-Estados Unidos na ditadura militar, de Larissa Rosa Corrêa.

Dia: 17 de agosto de 2017, quinta-feira
Horário: das 17h às 19h
Local: Café da Casa - Casa do Professor Visitante (CPV)
Av. Érico Veríssimo, 1251 - Campus da Unicamp
Campinas - SP - Tel (19) 3521-2809

Convite