Este projeto tem por meta dar continuidade e intensificar uma rede de cooperação acadêmica entre professores e seus respectivos orientandos dos programas de pós-graduação em História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, mestrado e doutorado conceito 7), Universidade Federal da Bahia (UFBA, mestrado e doutorado conceito 4) e Universidade Federal do Ceará (UFC, mestrado conceito 3). É um passo sucedâneo ao projeto Procad “Diferenças, Identidades, Territórios: Os Trabalhadores no Brasil, 1790-1930” (no 182-001), que, em grande medida, foi empreendido pelos membros deste atual projeto.
Seu foco investigativo recai sobre as experiências e os modos de atuação dos trabalhadores (escravos ou livres, nacionais ou imigrantes, homens ou mulheres, brancos, negros ou índios), ao longo de amplo período da história do Brasil (do século XVII ao XX). Seu principal objetivo é entender como costumes compartilhados entre os trabalhadores (em diferentes situações e contextos históricos) se tornaram direitos e contribuíram para o enraizamento da cidadania na história do Brasil. Dentre as várias possibilidades analíticas, dar-se-á especial atenção às lutas que também se serviram de canais institucionais e se apropriaram de mecanismos legais, ou a eles deram origem, respeitando as especificidades espaciais e temporais.
Trata-se, portanto, de pensar as experiências dos trabalhadores como uma história marcada pela diversidade e, ao mesmo tempo, por práticas que expressam identidades culturais e valores compartilhados. A luta da classe trabalhadora por direitos se expressou de diferentes maneiras ao longo da história, alterando-se de acordo com suas tradições, conjunturas políticas e econômicas, peculiaridades regionais e, sobretudo, segundo suas escolhas diante de estruturas sociais normativas, mas vazadas por incoerências, ambigüidades e porosidades de vária espécie. É neste sentido que se pretende compreender os trabalhadores como sujeitos históricos, ainda que tenham sido interpelados por instituições, ideologias e sistemas de regras engendradas por outros agentes sociais.
Por meio da investigação de vasto campo documental, nosso esforço também será o de reconstituir a experiência e a cultura da classe trabalhadora em diferentes contextos, processos e lugares; não apenas em sindicatos, partidos políticos, associações recreativas, sociedades étnicas, locais de trabalho e bairros. As formas de resistência e acomodação durante o período escravista, as associações informais, as rebeliões, fugas e quilombos de escravos, assim como as irmandades e corporações de ofício dos séculos XVII e XVIII são tão importantes quanto o estudo dos chamados trabalhadores militantes ou “organizados”.
Afora esses objetivos específicos de pesquisa e de ampliação da área de História Social no Brasil, em seu conjunto, os resultados perseguidos por este projeto também contribuirão, nos próximos dois anos, para fortificar o Mestrado em História da UFC e alavancar o doutorado em História da UFBA, ambos relativamente novos. Ao mesmo tempo, a equipe líder, além de compartilhar sua excelência acadêmica, vai se nutrir com as missões a serem realizadas em Fortaleza e Salvador, valendo-se de novas oportunidades de pesquisa, debate e intercâmbio entre instituições, professores e alunos participantes.
Além de potencializar os esforços individuais de pesquisa por intermédio do trabalho em equipe, o projeto resultará, em segundo lugar, na melhoria institucional dos programas de pós-graduação aos quais se filiam os professores aqui conectados em rede. Com condições de pesquisa mais adequadas, espera-se agilizar a formação de mestres e doutores nos diversos programas de pós-graduação direta ou indiretamente relacionados aos pesquisadores da equipe principal, e dar condições para que jovens mestres e doutores recém-formados possam, igualmente, circular entre as instituições envolvidas, ajudando a consolidar seus respectivos programas de pós-graduação.