Aulas

​Dias 12 e 13 de junho, 14h00 às 18h00: Sala da Congregação, Prédio da Pós-graduação do IFCH/Unicamp.
Dia 14 de junho,14h00 às 18h00: Sala de Projeção, Prédio da Pós-graduação, IFCH/Unicamp.

 

  • Aula 1: Balanço historiográfico

Neste primeiro dia, o objetivo da oficina é apresentar um quadro geral das principais questões que hoje pautam a discussão historiográfica sobre a história de Angola. Há conceitos chaves para compreendermos como historiadores têm analisado as sociedades africanas na localidade, desde a formação de um grupo étnico-linguístico bantu que é milenar, passando pelos primeiros contatos com os europeus, os impactos do tráfico transatlântico de escravos, a época do “comércio lícito” até às revoluções e guerras anticoloniais. Na escrita dessa história, o colonialismo, a guerra e a independência recente de Angola estão diretamente relacionadas às formas de contar, registrar, analisar diferentes tipologias documentais por parte de historiadores tradicionais e profissionais. No decorrer da apresentação dessas diversas abordagens, pontuaremos quais áreas ainda foram pouco estudadas; quais metodologias utilizar para compreender outras já muito pesquisadas, mas que merecem um novo olhar; e o que, hoje, é considerado como as grandes problemáticas da história angolana.

Leitura básica:

DIAS, Jill. "Novas identidades africanas em Angola no contexto do comércio atlântico". In: BASTOS, Cristina; ALMEIDA, Miguel Vale de; FELDMAN-BIANCO, Bela (org.) Trânsitos Coloniais. Diálogos críticos luso-brasileiros. Campinas: Editora da Unicamp, 2007, p. 293-320.

COELHO, Virgílio. Em busca de Kàbàsà. Uma tentativa de explicação da estrutura político-administrativa do reino de Ndòngò. Luanda: Kilombelombe, 2010, capítulo 3, p. 263-301.

Bibliografia complementar:

BIRMINGHAM, David. A África Central até 1870: Zambézia, Zaire e Atlântico Sul. Angola: ENDIPU, 1992.

CASTRO HENRIQUES, Isabel. Percursos da modernidade em Angola. Dinâmicas comerciais e transformações sociais no século XIX. Lisboa: IICT/Instituto de Cooperação portuguesa, 1997.

COELHO, Virgílio. “A data de fundação do ‘Reino Ndongo’”. In: Actas do II Seminário Internacional sobre a história de Angola. Construindo o passado angolano: as fontes e a sua interpretação. Lisboa: Comissão Nacional para as comemorações dos descobrimentos portugueses, 2000, p. 477-544.

COOPER, Frederick. “Conflito e conexão: repensando a História Colonial da África”. Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 27, 2008, p. 21-73.

HEINTZE, Beatrix. Pioneiros africanos: caravanas de carregadores na África Centro-Ocidental (entre 1850 e 1890). Lisboa: Editorial Caminho, 2004.

_______. Angola nos séculos XVI e XVII. Estudos sobre fontes, métodos e história. Luanda: Kilombelombe, 2007, p. 133-167.

MILLER, Joseph. Poder político e parentesco. Os antigos estados Mbundu em Angola. Luanda: Arquivo Histórico Nacional, 1995.

VANSINA, Jan. Kingdoms of the Savanna. Madison: Wisconsin University Press, 1966.

 

  • Aula 2: Fontes para a história de Angola: tipologias, arquivos no Brasil e acesso

Há muitas possibilidades de pesquisa sobre a história de Angola a partir de fontes a que temos fácil acesso no Brasil, seja em arquivos físicos com o do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro que guarda cópias de documentos do Arquivo Nacional de Angola, seja em bancos de dados e sites de divulgação científica na internet. Faremos uma apresentação geral das fontes, sua tipologias e possibilidades de pesquisa.

Arquivos: Instituto de Estudos Brasileiros/USP; Casa das Áfricas; Museu Afro Brasil; Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro/ PADAB; Arquivo Nacional; Fundação Biblioteca Nacional; Sites e bases de dados online. 

Leitura básica:

ALMEIDA, Carlos. “A natureza africana na obra de Giovani António Cavazzi. Um discurso sobre o homem”. Actas do Congresso Internacional Atlântico de Antigo Regime: poderes e sociedades. Lisboa, 2005, p. 1-15.

TAVARES, Ana Paula. “A pequena pista do Antílope: as fontes e o estudo da arqueologia angolana”. In: Actas do II Seminário Internacional sobre a história de Angola. Construindo o passado angolano: as fontes e a sua interpretação. Lisboa: Comissão Nacional para as comemorações dos descobrimentos portugueses, 2000, p. 337-350.

Bibliografia complementar:

CRUZ, Sara Ventura da. “A construção de uma ideia de território: a cartografia de Angola na segunda metade do século XVIII”. Cabo dos Trabalhos, v. 12, 2016.

DIAS, Jill. “Novas identidades africanas em Angola no contexto do comércio atlântico”. In: BASTOS, Cristina; ALMEIDA, Miguel Vale de; FELDMAN-BIANCO, Bela (org.) Trânsitos Coloniais. Diálogos críticos luso-brasileiros. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

FROMONT, Cecile. The art of conversion: Christian Visual Cutlture in the Kingdom of Kongo. University of North Carolina Press, 2014.

HEINTZE, Beatrix. “Representações visuais como fontes históricas e etnográficas sobre Angola”. In: Actas do II Seminário Internacional sobre a história de Angola. Construindo o passado angolano: as fontes e a sua interpretação. Lisboa: Comissão Nacional para as comemorações dos descobrimentos portugueses, 2000, p. 189-236.

MESTRINEL, F. A. S.; ZATTERA, V.; PEREIRA, Matheus Serva; KUSCHICK, M. B. Sambas, batuques e sembas: experiências em música popular em Brasil, Moçambique e Angola, 08/2015, XXV Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM), v. 1, pp.1-23, Vitória, ES, Brasil, 2015.

 

  • Aula 3: Fontes sobre a história de Angola: leitura e interpretação.

No último encontro, a ideia é estudarmos juntos algumas fontes, as condições de produção de cada documento, seus protocolos narrativos e como analisá-los de modo a “ouvir” as muitas vozes que o constituem.  

Fontes:

Inventário dos sobas, quilambas e quimbares do distrito de Golungo, que trabalhavam nas fábricas de ferro de Nova Belém e Nova Oeiras, sobre os dízimos que pagavam antes de serem isentos, o número de filhos capazes que cada um tem e que dão em dinheiro por mês. (Copia posterior). IHGB – PADAB, DL81, 02.19.

FRANCINA, Manoel Alves de Castro. “De Loanda ao distrito de Ambaca na província de Angola, 1846”. In: Annaes do Conselho Ultramarino – Tomo I (Fevereiro de 1854 a Dezembro de 1858). Lisboa: Imprensa Nacional, 1867, p. 8-15.

“Carta de Lei de 29 de abril de 1875”.
“Regulamento para os contratos de Serviçais e Colonos nas Províncias da África Portuguesa, aprovado por Decreto de 21 de novembro de 1878”.
Disponíveis em http://www.ifch.unicamp.br/cecult/lex/web/

Leitura básica:

HENRIQUES, Isabel de Castro. “Presenças angolanas nos documentos escritos portugueses”. In: Actas do II Seminário Internacional sobre a História de Angola. Construindo o passado angolano: as fontes e a sua interpretação. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000, p.25-63.

SANTOS, Elaine Ribeiro da Silva. Barganhando sobrevivências: os trabalhadores da expedição de Henrique de Carvalho à Lunda (1884-1888). São Paulo: Alameda, 2013, capítulo IV – “Os trabalhadores da Expedição Portuguesa à Mussumba do Muatiânvua”. 

Bibliografia complementar:

ALMEIDA, Marcos Abreu Leitão de Almeida. "As vozes centro-africanas no Atlântico Sul (1831-c.1850)". In: LIMA, Ivana Stolze (org.). História social da língua nacional 2: diáspora africana. Rio de Janeiro: NAU, 2014, p. 73-203.

Recomenda-se a leitura da bibliografia básica indicada para cada aula.